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terça-feira, 21 de agosto de 2012

É estranho...
Sinto-me intimamente só,
e nem sei dizer ao certo do que tanto sinto falta.
Angústia de procurar o que não sei o que é...
Eu, puritana, pensei que tinha o mundo em minhas mãos,
Ao menos quando estava ao seu lado.
Mas, minha imortalidade é banalizada a cada dia pela via...
Como pode?!
Por que... Não mereço acaso ser feliz?
Como posso sentir falta daquilo que não vivi?
Como posso amar aquilo que nem sei o que é?
E eu, ingênua que pensei que meu companheirismo bastaria...
E eu que prometi amor eterno e não bastou...
E eu que estou cansada do abuso da minha generosidade.
Enjoada de dar e nada receber...
E eu, insisto em mentir para mim mesma...
Insisto em acreditar que valerá apena!


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Legiao Urbana - Perfeição (legendado)


 Uma das melhores bandas de rock do país, após quase duas décadas da morte de seu vocalista (Renato Russo) continua tendo letras que marcam a nossa realidade!!!

Ê Ôô Vida de Gado, Povo Marcado ê, Povo Feliz


Culpam tanto o povo!
Gente humilde desse meu país.
O maior culpado não são eles.
Ninguém tem a vida que,
sempre sonhou,
que tanto se quis!
Ainda lutam tanto pela vida.
Pelo pão de cada dia!
Seu maior esforço,
ainda é para uma sobrevivência!
Vivem em meio a, toda uma agonia.
Como podemos cobrar,
um alto nível de consciência?
Quem deveria essa consciência demonstrar,
se utiliza da "esperteza", para a todos explorar!
Perdão Maria!
Perdão José!
O primeiro que, não tiver culpa,
que também não se sente enganado.
tenha a coragem,
da primeira pedra atirar!
Esse povo é só coração!
Ainda sorriem com uma cesta básica.
Aceitam trocados no dia da votação.
É fácil condenar à todos,
quando não sofremos,
com uma falta,
com uma inanição!
Culpados são seus representantes!
Verdadeiro ladrão de futuros!
Que surgem a todo instante!
Promessas novas,
por cada eleição!
Culpar eles, é tirar o foco dos,
verdadeiros culpados!
Que saqueiam essa nação!
Eles, é quem mais amam isso!
Culpando os humildes,
se sentem recompensados.
Eternamente privilegiados!
(Raquel Free)

Amar, meu mais sublime erro

Não, eu não estou bem...
Por que perguntas?
Se foste tu a causa do meu sofrimento...
Sofrimento aliás que deveria ser ocultado pela máscara que cobria relutantemente o meu rosto
Máscara que desfaleceu aos pés dos seus olhos castanhos, serenos, atemporais...
Naquela manhã de abril
Infelicidade... Não consegui me dissimular
É, realmente, o amor tem o dom de escancarar-nos ao relento do outro
Tira-nos o sossego e nos traz a paz
Tira-nos a alegria e nos traz a felicidade
Destrói para reconstruir
Tira-no a nós mesmos e nos entrega a mercê do outro, a prêmio...
Escraviza-nos de bom grado
Aborta nossos projetos individuais e gesta idealizações de uma vida dentro de outra
Ingenuidade ou não a minha, mas cri
Cri... Incrivelmente, afoguei-me na esperança
Bebi o gosto agridoce de acreditar
Coloquei o mundo todo como erro
E acreditei que eras o meu verdadeiro acerto
Foste tu o mais belo ser para mim já inventado
Deste-me tudo o que jamais pensei sentir
E se hoje me tiras não posso reclamar
Foste tu que deste-me
Podes retirar tudo!
Menos as lembranças
E mergulhada num relicário pessoal
Pretendo amá-lo eternamente...
Sabes,... Eu esfaqueei as minhas crenças mais severas por nada
E senti o gosto suave do sangue de cada projeto
Ao me deitar na sua cama...
Sabia que estava abdicando a mim mesma
É como ir para a sua cerimônia de morte rindo
Fizeste-me ir para minha execução contente...
Eu te amei da maneira mais sublime e intensa...
Em vão...
Amar-te foi o que me deu vida e o que me tirou dela
Mas quero que saiba que só de saber que você existiu em mim,
Fico feliz de morrer em ti...


sábado, 11 de agosto de 2012

Desumanizados

É engraçado como a vida retira de nós a nossa própria humanidade
Perdemos nossa capacidade de se condoer pelo outro,
passamos a construir florestas de aço ao nosso redor, protegemo-nos não mais do frio e sim do calor...
Calor... Humano!
Temos medo de nossos semelhantes,
deixamos o que há de melhor em nós para trás...
Priorizamos um modelo social capitalista,
em que compra quem pode e morre quem precisa
Julgamos ser melhor que outras espécies subjugadas,
mas não conseguimos viver em harmonia com nosso próprio eu...
Buscamos nos outros aquilo que perdemos em nós
E criticamos quando não encontramos
A nossa honestidade é vilipendiada cotidianamente
Estupramos nossos sonhos e abortamos nossa alma
Vivemos numa sociedade hedonista
Em que tapar os olhos é mais fácil que desmascarar os rostos
A insensibilidade e o cinismo vazam de nossas veias
Somos estúpidos com quem amamos...
Somos mais mal que bem
E menos amor que dor
Somos fatigados pela busca de algo que não sabemos nem o que seja
Enfim, vivemos e morremos em vão...
Nossas histórias já não merecem ser contadas
Pois, não resta em nós dignidade
Beira a crueldade enumerar nossos bens materiais e feitos
Enquanto a maioria do povo vive e morre por motivos banais...
Gente animalizada por gente...

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CIDADANIZE-SE

Somente os tolos acham que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar...

Fato


Brasil mostra a tua cara

No mês em que o país passa pelo mais importante julgamento político de sua história, o que estampa a capa de uma das revistas de maior circulação nacional é a novela das nove... Nós perdemos o senso, ou nunca tivemos?!

‎"Torna-te aquilo que és." - Nietzsche

"A literatura reforça o nosso natural sentimento de solidariedade com os nossos semelhantes..." Lima Barreto
Na moral, precisa-se de seres humanos capazes de amar...
"Prefiro as grades férreas de uma insubordinação justificável a suposta liberdade do silêncio omissivo..."

Não há vagas


O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário

-  porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
                         Ferreira Gullar

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Augusto dos Anjos, particularmente um dos meus poetas brasileiros favoritos, talvez pela sua melancolia e inadaptação do mundo, talvez por volta e meia constatar a impotência humana frente a morte; descreve brilhantemente o que resta na solidão de cada um de nós em "Versos Íntimos". Solidão, que é o fatídico destino dos falseados.

Versos Íntimos (Augusto dos Anjos)

Viva a vaia

Viva a vaia...
Vaia viva...
Viva e sangrante...
Vaiemos pois nossas indecisões...
Vaiemos pois nossas imperfeições...
Vaiemos pois nossas omissões...
Vaiemos o vício da ambição...
Vaiemos nosso medo...
Vivamos a idealização...
Vaia viva que sai da veia.
Veia viva que pulsiona nossas vaias...
Vivamos vaiando nossas vocações...
Vaiemos vivendo nossas ações...
Vaiemos nossos amores...
Vivamos nossas ilusões...
Vaiemos nosso lado mais humano...
Vivamos nosso lado mais profano dignamente...
Lutemos por essa tal felicidade,
Vivamos essa tal honestidade...
Sejamos mais, e melhor...


A grandeza da sobrevivência.
O sol ainda não nasceu na periferia, mas, para muitos o dia já havia começado. Já era hora de se levantar e ir mais uma vez para o laranjal. O transporte não viria, seria uma longa caminhada, três quilômetros de estrada o esperavam. Não reclamava da sorte, pai de quatro filhos, seu José ia cantando para a lavoura. Ele mais do que ninguém sabia de sua responsabilidade. Analfabeto, excluído do privilégio da educação, nada entendia de política ou de economia. O que sabia era a cultura necessária a sua sobrevivência, era como colher os frutos da terra, ver o ácido da plantação de laranja escorrer, nem sabendo que esse ardor corrompia suas digitais.
A vida para esse bom homem se resumia em trabalho e fé. Carregava na velha carteira furada a imagem da santinha que nunca lhe abandonara. Era filho da terra, sabia da ciência do plantio melhor do que ninguém, embora fosse apenas servo dela. Na mesma carteira, não havia um tostão se quer. Tudo o que tinha foi deixado pra matar a fome de sua família, mas nem por isso entoava um canto melancólico, era como se ele nem se importasse com a aparência deprimente de seu bolso.
Longe dos bairros nobres, da opulência opressora da riqueza, seu José era feliz. Amava muito a mulher que Deus lhe dera, batalhadora e guerreira, lavava roupas para diversas senhoras e sempre que podia fazia outros bicos. Seus filhos apesar de não possuírem tudo que ele desejava oferecer, eram obedientes, daqueles que pedem a benção ao amanhecer e entardecer.
Sua vida se resumia a essa passividade contínua, trabalhava, cantava, rezava, cuidava de sua família da melhor forma que conseguia. É, existem inúmeros Josés espalhados pelo mundo. Principalmente, nos países subdesenvolvidos. Homens e mulheres que vivem pelo hoje, pela próxima refeição, seus corpos nada necessitam, além de alguns cuidados. Já a alma é preenchida, da serenidade de não conhecer a corrupção trazida pela ganância.  
Dinheiro, riquezas, fartura, complementariam sim a vida dessas pessoas. Mas, em hipótese alguma os fariam felizes. Pois, um cartão de crédito não compra paz, amor, amizade, união... Nada que se digne ser nomeado eterno ou durável. A vida não se resume as coisas efêmeras para pessoas assim, a vida ganha um sentido quando seres assim a vivem...

Idealizar

Sofro... Como sofro... Idealizar!
Meu mal, grande mal! Acreditar incessantemente no conserto da maldita herança a nós confiada...
Crer que tudo ficará bem mesmo quando vivemos em meio a um jogo desigual,
em que nossos sentimentos se espalham feito plumas ao vento e crianças morrem por motivos vis...
Sim... Esperar mais da humanidade...
Que seja bendita a tua marcha, ó gente guerreira!
Viver é mais que cumprir um fado,
é acreditar que valerá apena...

Razão

A impressão que tenho hoje é a seguinte:
O mundo é o caos, e o homem entra nessa constante necessidade de ordem.
Afinal, somos nós os criadores dessa confusão.
O difícil é perceber que o ritmo da cura é bem mais lento que o da disseminação da doença.
Mas, marchemos! Adiante! Teremos boas histórias, ao menos...
Não vale apena morrer sem ter merecido existir!


Falseados

Eu tô na lanterna dos afogados...
E hoje, essa lanterna é a sociedade em que vivo...
O teatro dos vampiros vai além das telas dos cinemas,
Os monstros somos nós
Seres maquiados pelo medo da rejeição
Antes de existirmos, já existe uma máscara ideal para cada um de nós...
E a cada falso sorriso
Alimentamos a máquina que gira a nossa sociedade:
A hipocrisia!!!

"Trago no olhar visões extraordinárias, de coisas que abracei de olhos fechados..." Florbela Espanca